Páginas

sábado, 22 de fevereiro de 2014

[Avaliação] Demolidor 3 - Panini

 

E a Panini vai dando continuidade aos seus encadernados do Demolidor, cobrindo a fase do roteirista Mark Waid à frente do personagem (ainda em publicação nos EUA). E é incrível como o Demolidor é sortudo em pegar sempre boas equipes criativas.
       
Novamente Waid manda muito bem nos roteiros, e os desenhos do Chris Samnee não devem em nada para os do Marcos Martin, aliás seu traço leve e pulp combina muito mais com a série.
Essa edição começa ainda no arrastado arco do disco ômega, que parece ser finalmente resolvido (pelo menos por hora), para vermos em seguida Matt sendo capturado pela embaixada da Latvéria justamente pelo roubo do tal disco, que havia lhes causado muitos prejuízos.
E é a partir daqui que a revista fica mais interessante, pois vemos Matt Murdock ser privado aos poucos de TODOS os seus sentidos restantes. O homem sem medo vai perdendo olfato, paladar, audição e tato aos poucos, se tornando quase um vegetal nas mãos de seus captores que pretendem remexer no seu cérebro até descobrir como funciona o seu sentido de radar (que aliás, ele também perde junto com os sentidos aqui).


É muito interessante ver como Waid lida com essa situação. Ele além de nos mostrar o quanto Matt é dependente dos seus outros sentidos, também costura a origem do personagem, usando a radiação presente no seu corpo desde o acidente e mostrando que ela ainda mexe com suas células e seus sistema nervoso, tentando reativar as suas funções perdidas. Com um radar temporário que é um substituto grosseiro do original, Matt consegue forças para bolar uma fuga, e é sensacional (e angustiante) ver o herói quase completamente sem os seus sentidos escapando dos soldados latverianos e tentando colocar em prática o seu último plano desesperado. Fazia tempo que não me sentia assim lendo um quadrinho, com essa sensação de querer virar as páginas o mais rápido possível para saber o que vai acontecer.

A segunda metade do encadernado trata de um outro plot que Waid vem trabalhando desde que assumiu os roteiros: a desconfiança de Foggy Nelson sobre as novas atitudes de Matt. Como bem sabemos, o Demolidor é um dos personagens mais sofredores, amargurados e sombrios das histórias em quadrinhos já faz um bom tempo. Parece que os roteiristas gostam de fazer o pobre advogado cego penar. Porém, no run do Mark Waid vemos algo completamente diferente, vemos um Demolidor muito mais alegre, piadista e sorrindo sob o sol, mesmo após tudo que passou (e não foi pouca coisa não).
Mas então, o Demolidor está sendo descaracterizado? Muito pelo contrário. Aliás, isso é justamente o mais interessante e o ponto alto dessa fase atual. 
Matt está decidido a deixar seu passado para trás, não se deixar levar pelos problemas e encarar a vida com mais alegria e entusiasmo. Acho isso uma excelente evolução no personagem, pois é algo que acrescenta na mitologia do herói, sem ignorar tudo que veio antes. E o interessante é que não são apenas os leitores que estranham essa mudança no Matt. Os próprios personagens (principalmente o amigo e sócio de Matt, Foggy Nelson) se mostram preocupados com esse "novo Matt" e até quando essa fase vai durar antes dele surtar novamente.
O que acontece nessa edição relacionado a isso é que Foggy ainda continua investigando Matt e procurando algum tropeço, até que encontra algo que deixa bem claro para ele que o amigo ainda continua esquizofrênico (sim, o Demolidor é esquizofrênico, não sabia não?), e se escondendo sob mentiras. Cansado de aguentar isso, Nelson decide terminar a sociedade. É o fim da "Nelson e Murdock Advocacia".

No geral esse volume 3 é uma ótima revista, e espero que o Mark Waid continue por muito tempo cuidando do DD. Ah, e novamente, ponto SUPER positivo pra Panini, que vem publicando essa série em encadernados. Merecíamos mais publicações assim.

Nota: 9