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domingo, 16 de março de 2014

O que esperar do universo cinematográfico da DC Comics?


É inegável a mina de ouro que a Marvel descobriu, criando e consolidando um universo coeso como o dos quadrinhos, no cinema. Heróis de histórias distintas se encontrando, agindo juntos. Filmes que se interligam, levando ao sucesso Vingadores, mostrando a reunião dos heróis. Nada dessa magnitude havia sido feito até então no cinema, o que ocasionou que o filme fosse a terceira maior bilheteria mundial da história do cinema. Com todo esse sucesso, e a Marvel já colocando em ação o que chamam de "Fase 2", era óbvio que os executivos da Warner\DC não iriam deixar barato. Eles também querem uma fatia desse bolo.

Mas como criar um universo cinematográfico coeso, a partir do zero, para ontem, e sem o planejamento de anos que teve a sua rival? E ainda mais quando uma de suas maiores apostas, o Lanterna Verde, acabou sendo um fracasso de público e crítica? E o pior, com uma trilogia do Batman (um dos seus três principais personagens) que ainda estava faltando uma terceira parte e sem poder ser misturado com o restante do universo DC?
Sim, porque o Batman de Christopher Nolan acabou sendo um imenso tiro no pé.
Veja bem, eu gosto da trilogia Batman do Nolan (apesar de não gostar do fraquíssimo terceiro filme). É uma trilogia de qualidade inegável, e sucesso de bilheteria. Mas porque é um tiro no pé? Simples. Apesar de todo o sucesso, o Batman do Nolan é real demais. Mas isso é ruim? Não, não é que seja ruim, afinal a verossimilhança, as histórias mais pautadas no realismo e o modo crível como o filme é tratado acabaram sendo os motivos de seu enorme sucesso. Porém, o problema também acaba sendo esse mesmo realismo. Aquele Batman simplesmente não funciona em um universo com alienígenas, deuses e seres super-poderosos. O Batman não poderia ser usado. Não daria pra engolir aquele Batman em um filme da Liga da Justiça por exemplo.
Mesmo com os contratempos, a DC ainda precisava do seu universo. Precisavam dar um jeito nisso. E então decidiram começar pelo maior ícone da editora e talvez o maior ícone das histórias em quadrinhos, o Homem de Aço: Superman. Com Zack Snyder (300, Watchmen) dirigindo e Henry Cavill no papel principal, o filme prometia ser o pontapé inicial do tão falado "universo cinematográfico DC" e TALVEZ uma pontinha de esperança para aquilo que já parecia ter virado uma lenda urbana: "o filme da Liga da Justiça".


Homem de Aço
estreou com uma imensa expectativa para os fãs e dividiu opiniões. Há aqueles que gostaram muito e há aqueles que acharam que não fez jus ao ícone. O fato é que, independente de qualquer coisa, o filme foi a DC mostrando que o seu universo estava ali, em construção, começando a despontar.

E eis que na Comic-Con 2013, a Warner decide dar uma passo maior e muito mais arriscado. Eles anunciam que a sequência de Homem de Aço terá a participação de nada mais nada menos do que o próprio BATMAN, e ainda divulgam um logotipo maroto.

Foi o suficiente para toda a internet ficar em polvorosa. O Batman seria um vigilante já mais velho, e um personagem completamente diferente do que foi visto na trilogia Nolan, que como eu disse, não funcionaria nesse universo, que deveria ser encarado a partir de agora como um universo à parte. Falta de planejamento é isso, tá vendo? Não bastam milhares de universos e múltiplas terras nos quadrinhos, querem fazer isso no cinema também.

Mas enfim. eu disse que a internet ficou em polvorosa com o anúncio, né ? É, e ficaram mesmo. Mas isso não foi nada comparado a quando anunciaram o senhor Benjamin Geza Affleck-Boldt, também conhecido como Ben Affleck ou o Demolidor, no papel de.. BATMAN.
A internet CAIU. Pessoas queriam cabeças dos executivos da Warner. Fãs xiitas revoltadinhos simplesmente não aceitavam que o seu amado, adorado e imaculado Batman fosse interpretado pelo mesmo cara que interpretou Matt Murdock (e que segundo esses caras, atuou mal).

SIM, amiguinhos. Ben Affleck estava sendo julgado HOJE por sua atuação em um filme de super-herói de 2003, a exatos DEZ FUCKING ANOS ATRÁS, justamente no ano em que ele ganhou o Oscar de melhor diretor pelo filme Argo, onde também atuou no papel principal. Mas a internet é essa coisa engraçada mesmo, onde todos são críticos de cinema e escolhem elenco melhor do que caras que trabalham na indústria a mais anos do que eles tem de idade. Sempre foi assim e sempre será. E o choro é livre.
Aliás, os sabichões da internet nem tiveram muito tempo para chorar pela escolha do seu Batman, porque logo em seguida foram anunciados Gal Gadot no papel da guerreira amazona Mulher Maravilha e Jesse Eisenberg como o icônico vilão Lex Luthor. E aí a internet CAIU de novo. Sim, eles não se cansam. Pois é, nem mesmo depois do Heath Ledger. E sim, eu vou usar ele como exemplo para sempre.


E assim, o universo DC nos cinemas parece ir tomando forma. Mas, como bem sabemos, nem só da trindade vive esse universo. O que fazer com os outros personagens então? Seguir a estratégia da Marvel de ir lançando filmes solos para depois unir os personagens não é uma opção. Primeiro porque a Warner não quer dar o braço a torcer e mostrar que está "copiando" a rival. E segundo porque o fracasso do Lanterna Verde (que foi a primeira tentativa de expandir o universo dessa forma) ainda dói muito.

E é nesse cenário que em 10 de outubro de 2012 estréia no canal americano CW da Warner, a série Arrow, mostrando a história de Oliver Queen, o Arqueiro Verde. Sem dúvidas Arrow nasceu como uma aposta, uma espécie de teste para a DC avaliar como seria a receptividade de um personagem vindouro de uma série. Com um orçamento bem menor do que um filme, se viesse a ser um fracasso não seria uma perda tão grande.

Claro que séries de super-heróis não são nenhuma novidade, pois a própria Warner já tinha a experiência de Smallville. Porém Arrow tem uma temática diferente. Aqui não temos uma série mostrando como foi a juventude de um herói, e sim o caminho do herói em si. Oliver já começa a série com um objetivo (e um uniforme) e o que vemos é o seu aperfeiçoamento com o passar dos episódios, até se tornar o Arqueiro Verde que todos conhecemos. E o que aconteceu é que Arrow se revelou um enorme sucesso, sendo renovado para uma segunda temporada, que vem sendo ainda melhor que a primeira.
Com personagens carismáticos e caracterizações muito boas, a série vem utilizando de forma muito inteligente vários personagens do universo DC e fazendo com que os fãs torçam por uma unificação da série com o o universo cinematográfico. E a DC também está de olho nisso, visto que anunciaram e já estão gravando a série do Flash, que apareceu ainda como Barry Allen e sofreu o acidente que lhe concede os poderes em um dos episódios de Arrow.

A história que corre (ó o trocadilho infeliz) é que se o Flash fizer o mesmo sucesso de Arrow, ambos os personagens serão incorporados ao universo cinematográfico e utilizados no tão sonhado e almejado filme da Liga da Justiça.
A foto oficial do uniforme do Flash deixa isso bem claro aliás. Feito de um material muito parecido com o que vem sendo usado para os uniformes dos personagens de quadrinhos no cinema, a roupa parece feita para os filmes.
Assim a Warner/DC parece ter encontrado um meio mais barato e muito funcional para apresentar esses outros personagens para o público e posteriormente usá-los nos filmes. Além de não correr o risco de um fracasso de bilheteria a essa altura do campeonato, a Warner ainda conseguiu fazer o que tanto queriam, que é conseguir sua fatia no mercado mas sem seguir a mesma estratégia da Marvel. No fim de tudo, ainda vai funcionar como um bela estratégia de marketing, pois quem assiste as séries vai se sentir na obrigação de ver o filme; e quem assiste apenas aos filmes, vai querer assistir as séries para conhecer aqueles personagens e entender melhor o filme, o que vai trazer público para as séries e audiência para o canal. Uma estratégia que não tem como dar errado.


Enfim, acho que o caminho é esse. Trabalhar a trindade no cinema e os outros heróis em séries. Focar no cinema em filmes solos para o Batman do Ben Affleck e a Mulher Maravilha da Gal Gadot após esse segundo filme do Superman onde eles serão apresentados.
Agora, algo que me deixa chateado é terem aparentemente desistido do meu herói favorito na DC pelo seu filme não ter sido o que se esperava. Foi fraco, foi corrido, a ameaça foi grande demais a título de um filme de origem, e o treinamento de Hal com Sinestro não teve a dimensão necessária. Mas sei lá, acho que o Lanterna Verde merecia uma segunda chance. Eu entendo que é complicado arriscar dinheiro com algo que já deu prejuízo antes, mas acho que dava pra tirar alguma coisa boa daquele final com o Sinestro usando o anel amarelo. Os Lanternas estavam bem retratados e o planeta Oa muito bonito. Acho que Hal Jordan merecia uma chance, mesmo com o Ryan Reynolds.


E por favor, esse Sinestro do Mark Strong é sensacional demais para ser esquecido.